Perícia em Celulares: Limites Técnicos, Riscos Jurídicos e o Novo Pegasus

A análise de celulares se tornou uma das principais ferramentas nas investigações criminais modernas. No entanto, o avanço da tecnologia trouxe não só maior segurança para os usuários, como também inúmeros desafios para as equipes de perícia digital. A depender do modelo e da configuração do aparelho, quebrar as barreiras de acesso pode ser uma missão quase impossível — mesmo com softwares caros e equipamentos de ponta.

Os 5 Celulares Mais Difíceis de Periciar

Advogados e peritos que atuam na área criminal relatam que alguns dispositivos representam verdadeiros pesadelos técnicos quando estão protegidos por múltiplas camadas de segurança. Entre os principais:

  1. iPhone (modelos mais novos, como iPhone 14 e 15)
    Com senha, Face ID e criptografia ativados, mesmo órgãos como o FBI já tiveram dificuldades severas para acessar os dados.
  2. Samsung Galaxy da linha Ultra com segurança Knox ativada
    O sistema Knox permite apagar todos os dados do dispositivo se houver tentativa não autorizada de acesso.
  3. Google Pixel com Android puro
    A segurança limpa e atualizações mensais tornam esse aparelho um dos mais protegidos da atualidade.
  4. Xiaomi bem configurado
    Com criptografia e bloqueio ativados, não é tão fácil de invadir quanto muitos pensam.
  5. Qualquer celular com senha, digital e criptografia ativadas
    Independentemente da marca, quando todas as proteções estão em funcionamento, até mesmo softwares especializados podem falhar.

Mas há um novo elemento em cena: o retorno do PEGASUS

O que era até pouco tempo considerado ficção virou realidade no Brasil: o uso do spyware Pegasus pela polícia. Esse software, criado por uma empresa israelense, tem sido usado para interceptar dados de celulares em tempo real, inclusive ligações, videochamadas e mensagens de WhatsApp — mesmo com criptografia de ponta a ponta.

Trata-se de uma ferramenta extremamente invasiva, que opera de forma oculta e silenciosa. Não é necessário que o usuário clique em nada; basta receber um link malicioso ou mesmo ser alvo de um comando remoto. Uma vez instalado, o Pegasus tem acesso a absolutamente tudo: áudios, vídeos, histórico de localização, galeria de fotos, conversas privadas e muito mais.


O alerta jurídico: mensagens podem ser adulteradas

O ponto mais preocupante para a defesa técnica é que a própria empresa criadora do Pegasus admitiu que é tecnicamente possível alterar ou manipular dados obtidos pelo sistema.

Isso levanta uma questão jurídica fundamental: como confiar na autenticidade da prova pericial extraída por meio de um mecanismo que permite adulterações?

Além disso, a jurisprudência brasileira já reconheceu que provas obtidas sem autorização judicial adequada são nulas, podendo inclusive contaminar todo o processo. Isso vale especialmente para acessos não autorizados a celulares protegidos por senha e criptografia.


Proteção de dados é também proteção jurídica

Estamos vivendo uma era em que o conhecimento técnico precisa caminhar lado a lado com o jurídico. Saber configurar seu aparelho, ativar criptografias e manter seus direitos protegidos é uma necessidade básica — principalmente diante do avanço de tecnologias invasivas.

Se você atua na área criminal ou é um cidadão preocupado com sua privacidade, fique atento: nem toda prova digital é confiável e nem toda perícia é legítima.

⚠️ Invadiram seu celular sem ordem judicial? Exija a nulidade da prova!
⚠️ Está sendo acusado com base em mensagens extraídas de forma duvidosa? Questione a autenticidade da perícia!


Quer aprender mais sobre como se defender antes mesmo de precisar? Continue acompanhando nossos artigos e proteja seus direitos com informação de qualidade.

Por, Ricardo Cantergi.

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